28º Domingo do Tempo Comum

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28º Domingo do Tempo Comum

Um fenômeno atual, do ponto de vista social e, principalmente religioso, é a indiferença. A indiferença se faz presente na escola, onde um grande número de alunos não demonstra o mínimo interesse pelos estudos. A indiferença está em família, com pais mais preocupados consigo próprios do que com sua casa. Grande parcela da população vive indiferente à cultura, à política e não dá a mínima atenção em vista de dedicar-se a causas comuns. A indiferença é algo perigoso porque torna a pessoa apática diante de valores e anula o senso crítico. Como dizemos em nosso linguajar popular: “tanto faz como fez”. Toda a crise política e econômica de Brasília, essa vergonha escrachada de tantos políticos envolvidos com o mensalão, por exemplo, reforça ainda mais a indiferença política. Mas, o que nos interessa refletir é sobre a indiferença religiosa. Dizem alguns sociólogos da religião, que a indiferença religiosa caracteriza este início de milênio. Uma pesquisa realizada, a pedido do Vaticano, demonstrou que o problema religioso atual não é o ateísmo, mas a indiferença religiosa. Ou, como analisou um jornalista católico francês: se o tempo do ateísmo professado passou, estamos no tempo do ateísmo da indiferença. Ou seja: não se deixa de crer em Deus, mas não existe uma empolgação por Deus e pela causa do Reino.
Indiferença não é um sentimento; é uma medida de interesse. No caso, o interesse é zero. Não que os indiferentes religiosos deixem de crer em Deus. Alguns vêm à missa, marcam intenções de missa, mas são indiferentes na vivência da fé. Não tomam parte, não comungam da vida cristã. Numa palavra, a pessoa não vibra pela causa do Evangelho. O indiferente religioso faz da religião um mercado, ao qual se dirige temporariamente, quando existe interesse pessoal ou algum acontecimento social o obriga a isso. A pesquisa do vaticano apresentou, como conseqüência da indiferença, o desinteresse pelas grandes Igrejas, a busca religiosa exótica, como religiões pagãs, e a simpatia por grupos religiosos sustentados pela “teologia da prosperidade”, que prometem a recompensa financeira, prometem milagres, e minimizam o compromisso concreto e serviçal como atitude cristã. A característica forte da indiferença é cada um cuidando de suas coisas e, quando precisar (e se precisar), então sim, se recorre à religião. São os convidados para o banquete do Reino, mas se fazem indiferentes ao convite porque preferem se dedicar aos interesses próprios.
Um autor russo, falecido no início do século passado (1904), chamado Anton Techkov, dizia que a “indiferença é a paralisia da alma”. Alma no sentido de ânimo, aquela força, aquela vibração interior capaz de desinstalar e impulsionar a fazer o bem, a buscar a Deus. O indiferente não tem essa força de se encantar com a vida partilhada entre todos. Para ele, as coisas estão bem como estão, ou então, só se importa consigo próprio. É alguém vestido de cinza, incapaz de colorir o mundo que o cerca com as cores da partilha para o bem de todos. A indiferença, contudo, não é um fenômeno atual, embora, hoje, seja acintosa. O texto de Isaías, que ouvimos na 1a leitura, é um apelo aos indiferentes para com a promessa divina. Deus oferece um banquete de vida, mas o povo não faz o menor caso. É indiferente ao convite e ao banquete. A palavra de Isaias, pronunciada há milhares de anos, torna-se atual e continua sendo um apelo a nós, discípulos de Jesus Cristo, a não sermos indiferentes à proposta de vida que Deus nos oferece.
A parábola de Jesus é uma aplicação concreta contra a indiferença dos fariseus e dos Doutores da Lei, aqueles homens que mais conheciam de Bíblia, que passavam a vida estudando as leis divinas e interpretando os profetas. Pois bem, justamente esses se fazem indiferentes diante do projeto de vida apresentado por Jesus. Esta indiferença tem um preço: o Reino, a proposta de viver em Deus e se fazer parceiro de Deus, é lhes tirada e dada a quem aceitar o convite. Estes encontram a felicidade e a alegria da acolhida divina. A lição da parábola de Jesus é muito clara: não pode haver indiferença diante do convite divino. Diante do convite para participar do Reino, a prioridade é se fazer presente e não se fazer indiferente. E, ainda mais. Não basta aceitar o convite; não basta ser cristão e ter algumas práticas religiosas, é preciso vestir-se de acordo com o projeto divino. Quem assim não fizer assume-se como indiferente diante do Evangelho e não merece participar da alegria de uma festa divina. Quem entra na festa do Reino precisa vestir-se a caráter, quer dizer, precisa mudar o estilo de vida não se deixando contagiar nem agir pela indiferença.
Hoje, a Palavra de Deus pede que olhemos com qual veste viemos celebrar: com a veste cinza da indiferença ou com a veste colorida de quem ama a vida e, por isso, empenha-se e doa a vida pela causa do Reino de Deus. A partir do que celebramos, é preciso considerar nosso grau de interesse para com o Evangelho, não na base do “gosto não gosto”, mas na ótica de ser indiferente ou de comprometido com o Evangelho como estilo de vida.
Neste mês missionário, consideremos nossa vida para ver se estamos sendo dignos ou indiferentes ao convite de Deus. Amém!

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