23º Domingo do Tempo Comum

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23º Domingo do Tempo Comum

No Evangelho que acabamos de ouvir, existe um dado importante e de grande responsabilidade, dirigido a quem conhece o caminho do bem. No contexto comunitário cristão, é dever nosso ajudar estas pessoas a encontrar o caminho de Deus. “Se teu irmão pecar”, diz o evangelho, você deve corrigi-lo. A palavra pecado tem o sentido de abandonar o caminho, desviar-se do caminho, não caminhar nos caminhos do bem. Por isso, o texto está dizendo: se teu irmão tomar outro caminho que não seja o de Deus, que não seja do bem, você deve ajuda-lo a encontrar o caminho de Deus. De olho no painel, nós deduzimos: você é responsável para ajudar a tirar os tampões que cegam e ensurdecem a vida de quem se desviou do caminho. Fazer isso, ajudar os irmãos e irmãs a abrirem os olhos e os ouvidos para Deus, agir como uma sentinela, no dizer da 1a leitura, é um ato de caridade porque tira a pessoa do caminho da morte, adotando a forte expressão usada sempre na 1a leitura, e ajuda-o a encontrar uma nova estrada, que vê os caminhos divinos e se abre para ouvir Deus orientando sua existência. A comunidade cristã, neste sentido, é diferente de outras associações, porque tem um compromisso com toda a vida da pessoa, ajudando-a a caminhar nos caminhos de Deus.
Uma coisa que sempre me chamou atenção neste texto é que Deus não toma a iniciativa de corrigir alguém. Ele não age em base a princípios educativos adotados por alguns de nós: — “se não você não fizer isso, então terá o castigo daquilo”. Deus não usa ameaças com aquele que peca e, diante da proposta pedagógica que lemos no Evangelho, não promete castigo. Não é possível dizer que Deus castiga quem peca. Compreende-se, sim, que o pecado traz consequências para a vida pessoal e isto atinge a pessoa. Alguém que, por exemplo, se droga, assume um caminho torto, escorregadio, que na Bíblia chama-se pecado. As consequências que vem da droga não são castigo de Deus, mas resultado do caminho por onde andou. É aqui que sentimos o diferencial do método de correção proposto por Jesus. Não colocar o “pecador” ao vexame público, mas iniciar um processo de abrir os olhos conversando com ele em particular. Depois, pedindo ajuda a amigos e, finalmente, levando-o à Igreja, para que a comunidade, por meio de suas atividades de atendimento, possa ajudá-lo. Nada de condenações públicas, nada de alvoroço, mas o caminho do diálogo, da amizade e da ajuda da própria Igreja. Um método que não tem pressa, pois reconhece que a paciência e a proximidade são atitudes para ganhar confiança e recuperar alguém para o bem; para Deus. Se tudo isso for feito, se a paciência foi longa e mesmo assim a teimosia é maior, então Jesus diz que a pessoa seja tratada como pagão, alguém que não pertence à comunidade.
Nós sabemos bem que assumir a atitude da correção fraterna é complicado nos tempos atuais. Para nós cristãos, ajudar alguém a encontrar o caminho do bem, a não se tornar cego ou surdo diante de Deus é um gesto de caridade. É desejar que a luz que está dentro de nosso coração, que ilumina nossa vida, brilhe no coração e na vida de todos, também daquele que vive escorregando, derrapando nos caminhos por viver com os olhos e os ouvidos tapados. Algumas pessoas, na comunidade, têm o dom do conselho. Este dom não se limita a dar conselhos como se dá um palpite, mas é uma graça divina colocada a disposição do outro, para ajudar a ver o caminho sem agredir nem invadir a pessoa. É um dom que os pais precisam pedir todos os dias. Uma característica muito especial de quem tem o dom do conselho resume-se nisso: ele tem a palavra certa, na hora certa e de modo certo para ajudar a pessoa. Por que, afinal de contas, devemos propor uma nova estrada a quem caminha alhures? Porque nossa caridade fraterna deseja que a luz de Deus que brilha em mim, brilhe também no irmão que fechou os olhos e os ouvidos para Deus.
Gostaria de concluir minha reflexão convidando todos a cantar o refrão, que já cantamos no início da celebração, que diz: “sim eu quero, que a luz de Deus que um dia em mim brilhou...”.
Sim, eu quero, que a luz de Deus que um dia em mim brilhou,
jamais se esconda e não se apague em mim o seu fulgor.
Sim eu quero que o meu amor ajude o meu irmão,
a caminhar guiado por tua mão, em tua lei, em tua luz, Senhor.
Esta terra, os astros, o sertão em paz,
esta flor e o pássaro feliz que vês.
Não sentirão, não poderão jamais viver,
esta vida singular que Deus nos dá.

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