O Órgão da Igreja Matriz de São Vicente Férrer, de Formiga

Em 24 de outubro de 1937 foi solenemente inaugurado o órgão da Matriz. O Vigário, Padre Remaclo Foxius, SCJ -bom músico e hábil compositor-, juntamente com o Professor Franz Stangelberger -este também músico amador, austríaco aqui radicado e sabidamente sobrinho do grande Franz Schubert- , foram os responsáveis e seus primeiros “tangedores”: 80 anos este ano !!
Os construtores foram os alemães Carlos Moehrle e Gustav Weissenrider, da prestigiada fábrica de órgãos Walker, na Alemanha que, no Brasil fixaram-se em Judiaí/SP e construíram órgãos para São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis e mais.
O móvel -chamado buffet- é de Formiga, mesmo, sob os cuidados dos oficiais formiguenses, Francisco Lima e Augusto Bini, além do irmão dehoniano Anton Buchler, com madeira da Mata de Pains, doada pelo Professor Franz, de cuja fazenda foi retirada.
À época de sua construção, devia ser o terceiro instrumento do gênero que se conhecia em toda Minas Gerais -ao lado do de Mariana e do Caraça. O órgão instalado em Tiradentes, do séc. XVIII, não funcionava. Os de Diamantina e Córregos e outros instrumentos “portativos” coloniais já se encontravam, quase todos, irremediavelmente destruídos. Belo Horizonte, Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba e outras cidades só passaram a ter órgãos depois de 1950.
Seguramente era o maior instrumento de Minas Gerais, ao tempo em que foi construído, e dos maiores do País. Até hoje impressiona pela qualidade da sua sonoridade e da construção; e não faz mal se deixou de se incluir dentre os maiores do país -o órgão da Matriz tem uma beleza e um som que é só dele.
Não se tem notícias dos patrocinadores da compra do órgão, nem se os houve. Já a reforma de 1987 foi feita com recursos da FUNARTE, por intermédio do Dr. Vicente Rodarte, sob a inspiração dos professores Odette Khoury e Marconi Montolli, contando também com o auxílio do Pe. Afonso Claret de Oliveira, grande entusiasta da música e do órgão Essa reforma ficou por volta do equivalente a US$ 10.000,00 (dez mil dólares).
A reforma em 2001, orçada em valor semelhante, foi realizada pelo organeiro Ricardo Clerice, de São Paulo, experimentado em outros instrumentos como o do Teatro Municipal e da Sé de São Paulo, Caraça, Colégio Santa Marcelina, Basílica de Lourdes de Belo Horizonte, etc. Clerice, em visitas periódicas, é o responsável pelo admirável estado de conservação do órgão até hoje.
Com seus dois teclados e uma pedaleira, o órgão está na Matriz para incentivar o canto litúrgico e a arte organística: este era o ideal do Padre Remaclo -além do Padre Fernando e Padre Cosme, também notáveis músicos- , que chegou a criar dois grupos corais. Destes, sobrevive o “Coral Imaculada Conceição”, que teve à sua frente a organista dª Angela V. T. Filogônio, hoje sob a regência de sua irmã, dª Agda V. T. de Menezes.
É muito pouco utilizado, o nosso órgão, e necessitamos muito de pessoas interessadas no estudo do instrumento. Ele demanda um mínimo de dedicação para verificar que, embora seja um instrumento de teclados, o resultado sonoro é muito diferente de um piano, de um acordeon ou de um eletrônico qualquer. Mal comparando, é feito ter um carro grande e potente e deixá-lo na garagem e sair numa velha bicicletinha.
O desejo e o sonho é ver este instrumento inserido nas celebrações e na missão de evangelizar, para bem cantarmos, todos juntos, o louvor da Glória de Deus.
Órgão, instrumento sagrado,
anima a oração do povo cristão!
Órgão, instrumento sagrado,
proclama Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo!